Ônibus movido a energia solar em Floripa!

O primeiro ônibus a circular com energia solar que se conhece é o australiano Tindo, operado pela Adelaide Connector Bus. O veículo foi apresentado à imprensa em dezembro de 2007 e começou a rodar em fevereiro de 2008.

Aqui no Brasil, pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) também desenvolveram um ônibus movido a energia solar. O veículo foi idealizado para funcionar como uma estação de trabalho móvel, com Wi-Fi, mesas de escritório, de reunião, e tomadas, para o deslocamento diário de professores e alunos entre o campus da Trindade e o laboratório no Norte da Ilha, no Sapiens Parque, que fica no bairro Canasvieiras.
“Usamos o conceito de deslocamento produtivo. Ele tem mesas de escritório e de reunião, com tomadas e internet wifi. Além disso, não haverá cobrança nenhuma de passagem, será totalmente gratuito”, comenta Ricardo Rüther, coordenador do Centro.

No teto do ônibus há baterias de lítio que armazenam energia gerada pelas placas solares fotovoltaicas instaladas nos telhados do Centro de Pesquisa. Com tração elétrica, o veículo tem autonomia para andar até 70 quilômetros sem recarga, sem gerar gases poluentes. Quando o ônibus estiver parado no trânsito, não haverá consumo de energia, como acontece com os veículos com motores a combustão e a tecnologia de frenagem regenerativa do ônibus será capaz de gerar energia através das rodas, para ser injetada nas baterias, aumentando a autonomia do veículo.

O projeto nasceu de um convite do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) ao Centro de Pesquisa da UFSC, que tem experiência no assunto e já criou dois barcos elétricos solares.  Além do ônibus elétrico movido a energia solar, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) financiou, em 2015, a construção do laboratório no qual foi desenvolvido o automóvel.

O projeto do ônibus movido a energia solar é parte de um conjunto de ações do Programa Tecnologias para Cidades Sustentáveis da Secis (Secretaria Cidade Sustentável), que tem como principal objetivo fortalecer o domínio e a presença das tecnologias relacionadas à energia fotovoltaica em território brasileiro.

Apesar de o custo para construir o ônibus ainda ser elevado – R$ 1 milhão – a viabilização técnica e econômica do projeto pode ocorrer no futuro, quando o ganho de escala deve ajudar a baratear o custo das baterias, ainda bastante elevado. “Não é um projeto para solucionar o problema do campus”, afirma Rüther.

Laboratório
O MCTIC também financiou a implantação do laboratório do centro de pesquisa onde foi desenvolvida a nova tecnologia. Somente no laboratório, o governo federal investiu R$ 3,6 milhões.
“Em nosso laboratório, temos cerca de 100 Quilowatts (kW) de geração solar, dos quais somente 60 kW são necessários para atender a todo o consumo de eletricidade do laboratório, que são cerca de 700 m². Os outros 40 kW, injetamos hoje na rede elétrica para ser utilizado em nosso campus central da UFSC”, explicou o professor.

Sem poluentes
Um ônibus com consumo médio de 670 litros de diesel por mês emite cerca de 3,9 toneladas de CO2. Em um ano, a emissão chega a 46,8 toneladas de CO2.
Conforme Dal Bem, um estudo do Instituto Totum e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, apontou que cada árvore da Mata Atlântica absorve 163,14 kg de gás carbônico (CO2) nos primeiros 20 anos de vida, o que seria uma média de 8,1 kg de CO2 por ano.
“Precisaríamos de quase 5,8 mil árvores para resgatar o CO2 emitido por um ônibus urbano comum em um ano de operação”, complementou o pesquisador.

O fornecimento da energia para os veículos elétricos
O primeiro ônibus elétrico do Brasil foi construído em um projeto da Mitsubishi Heavy Industries, do Japão, com a empresa Eletra Bus, de São Bernardo do Campo, informou Dal Bem. O veículo foi chamado de E-Bus e rodou por dois anos pelos corredores de ônibus da cidade.
Ao fim do projeto, toda tecnologia trazida ao Brasil pela empresa, como importação temporária, precisava ser devolvida ao Japão ou doada a uma instituição pública de ensino. Assim, carregador e baterias foram entregues à UFSC, depois que o E-Bus foi desmontado.

Aplicabilidade
“O grande problema em colocar um veículo dessa natureza em operação está na infraestrutura elétrica para carregamento. Ultimamente, temos sido sobretaxados nas contas de energia elétrica como uma forma de estimular a redução no consumo e pagar as despesas de geração com termoelétricas, que é uma energia mais cara e mais poluente, ao invés de investir em fontes limpas e renováveis”, comentou.
Dal Bem explica que a dificuldade em desenvolver este ônibus em larga escala esbarra também na infraestrutura do país.
“É exatamente o mesmo problema que dificulta a entrada de veículos elétricos no mercado nacional. Um ou outro veículo elétrico conectado à tomada não é um problema, mas 1 milhão deles, 1% da frota nacional de veículos, já implicaria em um impacto considerável no consumo de energia elétrica e previsão de infraestrutura elétrica”, complementou.

Funcionamento
A previsão é de que o ônibus passe a noite no Sapiens Parque conectado à tomada, para recarga lenta e completa das baterias. Em um primeiro momento, haverá estação de recarga apenas no Sapiens Parque, pois a infraestrutura elétrica da UFSC não comporta um carregador rápido para o veículo.
“Estamos conduzindo projetos de pesquisa para o desenvolvimento de carregadores com acumulação intermediária de energia que drenam lentamente energia da rede e armazenam temporariamente em baterias estáticas, que exigem baixa potência da rede elétrica, sem sobrecarregar a infraestrutura. Os carregadores permitem uma transferência rápida da energia acumulada nas baterias para as baterias do ônibus”, disse o estudioso.
Conforme Dal Bem, o ônibus permanecerá conectado ao carregador por cerca de duas horas após cada percurso de ida e volta.

O ônibus começou a operar, do campus da Trindade ao Sapiens Parque, em Florianópolis, a título experimental.

Referências:

http://fotovoltaica.ufsc.br/sistemas/fotov/
http://noticias.ufsc.br/2017/01/onibus-eletrico-ufsc-adota-tecnologia-do-futuro-em-sua-rotina-academica/
http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2016/09/primeiro-onibus-eletrico-movido-a-energia-solar-entrara-em-operacao-em-sc
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/energia-e-sustentabilidade/primeiro-onibus-movido-a-energia-solar-vai-ganhar-as-ruas-de-florianopolis-bm3be6qj7a4wo2a465z7bhm00
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2016/09/pesquisadores-da-ufsc-criam-onibus-eletrico-movido-energia-solar.html
http://www.portalsolar.com.br/blog-solar/energia-solar/onibus-australiano-movido-a-energia-solar-tem-tarifa-gratuita.html
https://tecnologia.terra.com.br/cidade-australiana-oferece-onibus-movido-a-energia-solar-gratuitamente,335053da5b55b38a621067b41ccb73669l76htrv.html
http://www.tudosobrefloripa.com.br/index.php/desc_noticias/onibus_movido_a_energia_solar_comeca_a_transitar_em_floripa_em_marco

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