O OLHAR FOTOGRÁFICO DA TURMA PARTIU FLORIPA

Turma Partiu Floripa e a Sensibilização do Olhar

“O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo inicial”
(Trecho de “O meu olhar”, de Fernando Pessoa, estudada pelos alunos no Projeto Partiu Floripa)

As turmas do 3° ano do ensino fundamental dedicam parte do ano a um projeto: conhecer a fundo a história de Florianópolis, desde a sua origem até os dias de hoje, passando pela colonização açoriana e por outros períodos importantes da sua história.

O 3° ano A, da professora Mina Martins, escolheu o nome de “Partiu Floripa” e visitou os principais pontos turísticos e históricos da cidade (veja fotos). Eles se interessaram, em particular, pelas praias da Capital e visitaram várias delas: Jurerê, Daniela, Praia do Forte, Armação, Morro das Pedras, Campeche, Joaquina, Praia Mole e Barra da Lagoa. (galeria de fotos).

A localização destas praias gerou conteúdo de geografia (leste, norte, sul…). Mas a intenção era mais ampla: “A ideia de os alunos visitarem algumas praias era sensibilizá-los para as diferentes características de cada uma delas, como os distintos tipos de vegetação, de areia, de embarcação presente e do esporte que mais se pratica em cada uma delas”, explica a professora. Parte dessa pesquisa foi apresentada no Encontrão desse ano.

Ao realizar as saídas, a professora percebeu que podia ir além. “Queríamos cristalizar o olhar de cada criança sobre cada praia e decidimos que os alunos fariam eles mesmos fotos dos locais visitados”. Para isso, os alunos contaram com a colaboração de Evani Barbosa, professora de Artes, que ajudou no desenvolvimento do “olhar fotográfico” dos alunos

No final do ano essas imagens farão parte de um livro da turma, na coleção Pequenos Autores da Ilha, a ser lançado no Arte na Ilha.

Visitaram também o Costão do Santinho, para conhecer algumas inscrições rupestres. (veja a galeria aqui).

Não foi só um trabalho prático. Houve estudo. As crianças estudaram a história da fotografia, conheceram o trabalho de importantes fotógrafos brasileiros, tais como Sebastião Salgado (fotojornalista), Vick Muniz (fotos artísticas). O objetivo não era ensinar as técnicas da fotografia, mas, acima de tudo “ajudá-los na construção de novas imagens e de novas estéticas”, declara Evani. Os alunos aprenderam também nas aulas de arte a fazer desenhos de observação e a escolher apenas detalhes da imagem representada em diferentes tons: preto e branco, sépia e sépia violeta.

“Essa parceria com a professora Mina foi muito rica, foi uma troca de conhecimentos fantástica, em que uma agregou no trabalho da outra”, pontua a professora de Artes. “Percebo que hoje os alunos têm um olhar mais aguçado, sensível e profundo, e que se reflete tanto nos desenhos como nas fotografias”, reforça Mina.

No mês de setembro, a turma visitou o Eco Museu do Ribeirão da Ilha, fundando há quase 50 anos pelo historiador Nereu do Vale Pereira em uma casa típica açoriana, construída em 1921. Conduzidos pela neta do historiador, tiveram uma palestra sobre o descobrimento do Brasil e de Santa Catarina, e sobre os primeiros colonizadores da região e os hábitos diários dos colonizadores açorianos, conheceram o acervo do Museu (mobília, louças, objetos religiosos datados do início do século XX) e o engenho de açúcar e de farinha, hoje em desuso. No caminho da volta, os alunos fizeram uma parada para lanchar e conhecer os casarios e a Igreja do Ribeirão da Ilha. As fotos dessa visita estão na galeria.

“Eu adoro o nosso projeto porque a gente aprende muitas coisas sobre a cultura açoriana. E agora, quando vou passear com minha mãe, eu me acostumei a tirar fotos dos lugares”, relata o aluno Arthur Silveira Homem. Gabriela da Silva, que é de São Miguel do Oeste, reforça: “É muito legal conhecer novos lugares e tirar fotos de paisagens. Adorei conhecer a Praia Mole, porque lá cada costão tem uma forma, enquanto um parece um dragão deitado, o outro parece um índio”. Gabriela Peluso, outra aluna, concorda com os amigos: “Aprendi várias coisas legais, as casas açorianas são muito bonitas, e as praias são um ótimo lugar para tirar fotos”.

Conheçam mais sobre o olhar fotográfico dos alunos e sobre estas saídas de estudo dando uma volta nas galerias…e veja o resultado em algumas dessas fotos.

Comentários